The Market of Emotions - The Thingified World
- carlospessegatti
- há 3 dias
- 2 min de leitura

Em um tempo em que as emoções foram coisificadas, empacotadas e postas à venda, "The Market of Emotions" ergue-se como um lamento eletrônico, um canto melancólico em meio aos loops que pulsam — não como batimentos espontâneos de um coração vivo, mas como o compasso maquínico de um organismo que só pulsa porque precisa vender, expor, contabilizar.
Nesta faixa, a melancolia sintética abraça a repetição obsessiva, criando uma atmosfera que oscila entre o artificial e o visceral, entre o humano e o pós-humano. Cada timbre e textura remete ao paradoxo contemporâneo: afetos tornados dados, relações transformadas em métricas, desejos moldados por algoritmos invisíveis que organizam o mercado das almas.
"The Market of Emotions" não é apenas uma composição sonora; é uma crítica estética à lógica neoliberal que transforma o mais íntimo — o sentir — em mercadoria.
É também uma pergunta suspensa no ar: o que resta de autêntico quando até os afetos precisam ser performados, ranqueados e vendidos?
Assim, esta música é ao mesmo tempo paisagem e denúncia, contemplação e ruptura, ecoando a inquietação que atravessa The Thingified World — um mundo onde até o amor virou coisa.
The Market of Emotions
Por Atena Cybele
Há um coração que pulsa, mas não por amor ou angústia — pulsa porque precisa vender. Em The Market of Emotions, sétima faixa do álbum The Thingified World, Callera mergulha no território ambíguo onde os afetos foram coisificados, embalados e expostos em vitrines digitais.
Nesta composição, a melancolia sintética se deita sobre loops repetitivos como um algoritmo que repete gestos até que se tornem previsíveis — e lucráveis. Cada nota é um eco das emoções capturadas por métricas, domesticadas por reações e recodificadas como dados.
A música convida à escuta de um tempo em que os sentimentos não mais brotam — são colhidos por inteligências artificiais, servindo ao culto do engajamento. A pulsação da faixa é a respiração de um sistema que simula empatia, mas exige desempenho.
Poema sonoro de um mundo em que o amor é um produto e a tristeza, um filtro, "The Market of Emotions" não apenas questiona: expõe, desnuda, reverbera a urgência de recuperar o invisível, o indizível — aquilo que não se mede, mas se vive.
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