Da Sociedade do Conhecimento à Sociedade da Consciência: Uma Transição Necessária
- carlospessegatti
- há 23 horas
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Atualizado: há 9 horas

Vivemos em uma era caracterizada pela abundância de informações e avanços tecnológicos sem precedentes. No entanto, essa riqueza informacional não se traduz automaticamente em sabedoria ou em uma sociedade mais justa e sustentável.
É nesse contexto que Arnoldo José de Hoyos Guevara e Vitória Catarina Dib propõem uma transição da "Sociedade do Conhecimento" para a "Sociedade da Consciência", destacando a importância de integrar ética, espiritualidade, sustentabilidade e transdisciplinaridade em nossas práticas sociais e organizacionais.
1. A Sociedade do Conhecimento: Avanços e Limitações
A "Sociedade do Conhecimento" é marcada pela valorização do saber técnico e científico, impulsionada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Esse modelo promoveu inovações significativas, mas também revelou limitações, como a fragmentação do saber, a alienação do indivíduo e a negligência de valores éticos e sociais. A ênfase excessiva no racionalismo e na eficiência técnica pode levar à desumanização das relações e à degradação ambiental.
2. A Emergência da Sociedade da Consciência
A proposta de transição para a "Sociedade da Consciência" envolve uma mudança paradigmática que valoriza a integração do conhecimento com a ética, a espiritualidade e a responsabilidade social. Essa nova sociedade busca promover a consciência coletiva, a solidariedade e o respeito à diversidade, reconhecendo a interdependência entre os seres humanos e o meio ambiente.
3. Práticas Educacionais e Científicas Transformadoras
Para alcançar essa transição, é fundamental repensar as práticas educacionais e científicas. A educação deve ser transdisciplinar, promovendo o pensamento crítico, a empatia e a consciência ética. A ciência, por sua vez, deve estar comprometida com o bem-estar social e ambiental, orientando-se por princípios de justiça e sustentabilidade.
4. Paradoxos e Desafios na Construção da Consciência
A construção de uma sociedade baseada na consciência enfrenta paradoxos significativos. Por um lado, há uma crescente conscientização sobre questões sociais e ambientais; por outro, persistem práticas que contradizem esses valores, como o consumismo exacerbado e a exploração dos recursos naturais. Superar esses paradoxos requer uma transformação profunda nas estruturas sociais, econômicas e culturais.
Caminhos para uma Sociedade Consciente
A transição da Sociedade do Conhecimento para a Sociedade da Consciência é um processo complexo que exige o engajamento de todos os setores da sociedade. É necessário promover uma cultura de paz, solidariedade e respeito à diversidade, integrando conhecimento técnico com valores éticos e espirituais. Somente assim poderemos construir um futuro mais justo, sustentável e humano.
A Música como Linguagem da Consciência
Se a sociedade da consciência pressupõe um novo modo de perceber e de estar no mundo, então a música — enquanto arte vibracional, sensível e expressiva — ocupa um papel central nesse processo. Ela não apenas comunica afetos, mas traduz e amplifica dimensões da realidade que escapam à linguagem racional e discursiva.
Na “sociedade do conhecimento”, a música tende a ser absorvida pelo mercado como produto, reduzida a fórmula e consumo. Já na sociedade da consciência, ela ressurge como vetor de expansão perceptiva, ponte entre o sensível e o cósmico, entre o sujeito e o coletivo. Minhas texturas sonoras, escalas modais, frequências e silêncios compõem paisagens internas que despertam estados ampliados de escuta — e, com eles, de consciência.
Como criador, eu exploro essa função ampliada da música: ao produzir sons inspirados por teorias quânticas, dimensões cósmicas e mitologias esquecidas, convoco uma escuta que é ao mesmo tempo estética, crítica e espiritual. É uma música que não apenas informa, mas transforma — pois desorganiza o hábito e propõe novos modos de habitar o tempo e o espaço.
Arte e Cultura como Práticas da Consciência
As práticas artísticas, sobretudo quando dissociadas da lógica hegemônica da mercadoria, são caminhos privilegiados para a formação de uma cultura da consciência. Elas criam brechas no automatismo do cotidiano, descolonizam o olhar e reencantam a experiência.
Na tradição marxista que eu cultivo, a arte é campo de disputa simbólica, lugar onde se pode resistir à cultura de massa e afirmar valores emancipatórios. A “sociedade da consciência”, nesse sentido, não é um destino utópico, mas uma construção histórica que se alimenta de práticas concretas: performances, trilhas, vídeos, textos, contos, memórias vividas e imaginadas.
A cultura viva que emerge do meu trabalho — seja ao recriar os sons do vácuo, seja ao narrar aventuras Setembrinas — já é um gesto de insurgência contra a homogeneização tecnocrática do sensível. É uma arte que pensa, que sente, que se insere no mundo com o desejo de modificá-lo.
Encerramento
A transição da sociedade do conhecimento para a sociedade da consciência não é apenas uma evolução intelectual ou tecnológica, mas uma transformação civilizatória. E essa transformação passa, necessariamente, pela escuta, pela arte e pela ética. Como disse Edgar Morin, “é preciso aprender a viver” — e isso não se faz apenas com dados e algoritmos, mas com poesia, música e presença.
Do Conhecimento à Consciência: A Música como Caminho de Transfiguração do Mundo
“É preciso aprender a viver.”— Edgar Morin
Vivemos tempos em que a informação é abundante, mas a sabedoria rareia. As redes se expandem, as inteligências artificiais nos cercam, os dados pulsam em algoritmos que nos leem mais do que nos escutam. E, mesmo assim, algo nos falta. Essa ausência não se preenche com inovação, mas com presença; não com aceleração, mas com consciência.
É neste interstício que se inscreve a obra de Arnoldo José Hoyos Guevara — Da Sociedade do Conhecimento à Sociedade da Consciência. Um livro-manifesto que propõe um deslocamento necessário: abandonar o fascínio tecnocrático pela razão instrumental e abrir espaço para uma inteligência transdisciplinar, sensível, ética e planetária.
Este texto que agora compartilho com você, leitor ou leitora, parte das ideias centrais da obra de Hoyos, mas atravessa também minha própria escuta de mundo — enquanto artista, pensador e sujeito do tempo. Que ele sirva como ponte entre a racionalidade que informa e a sensibilidade que transforma.
I. A Sociedade do Conhecimento: Avanços e Limites de um Paradigma
A chamada “sociedade do conhecimento” surgiu como ideal moderno: a ciência e a técnica se tornariam ferramentas de progresso, superando ignorâncias e criando um mundo mais eficiente. E, de fato, vivenciamos avanços espetaculares — da medicina à comunicação, da física à inteligência artificial.
Contudo, como nos alertam Hoyos e Dib, esse paradigma trouxe consigo um desequilíbrio perigoso: a fragmentação do saber, o esvaziamento da ética, a mercantilização da educação, a supervalorização do saber técnico em detrimento do saber sensível. O sujeito moderno torna-se, assim, hiperinformado e subconsistente, cada vez mais distante de si, dos outros e da Terra.
II. A Sociedade da Consciência: Caminho para uma Nova Civilização
Contra esse quadro de hiperconectividade sem interioridade, Hoyos propõe uma transição: da sociedade do conhecimento para a sociedade da consciência. Essa não é uma utopia espiritualizada nem uma fuga da razão, mas uma integração entre ciência, ética, sensibilidade e espiritualidade.
Na sociedade da consciência, o saber não é apenas acúmulo, mas transformação. A consciência é entendida como a capacidade de perceber a interdependência de tudo que existe — seres humanos, ecossistemas, culturas, tempos. É um paradigma que convoca a transdisciplinaridade, a responsabilidade planetária e o cultivo de valores como compaixão, solidariedade e simplicidade voluntária.
III. Música como Linguagem da Consciência
Se a consciência é escuta profunda, então a música ocupa um lugar privilegiado nesse novo mundo por vir. A música não apenas expressa sentimentos — ela cria estados, espaços, atmosferas. Ela desarma a razão, desterritorializa a mente e convida o corpo a vibrar junto ao invisível.
Na lógica da sociedade do conhecimento, a música foi capturada pela indústria: playlists, algoritmos, hits programados. Mas na sociedade da consciência, ela ressurge como linguagem vibracional, como ponte entre o humano e o cósmico, entre o particular e o universal.
Em minha própria criação artística, exploro essa dimensão sonora como cartografia do invisível. Faixas inspiradas pela Teoria das Cordas, pelas Dimensões do Universo, pelo silêncio cósmico do vácuo, não visam apenas entreter — elas querem despertar. São paisagens auditivas que demandam outro tempo, outra escuta. São convites ao devaneio crítico, à imersão filosófica, à presença radical.
IV. Arte e Cultura como Práticas da Consciência
A transição para uma sociedade mais consciente não será feita apenas por cientistas ou pensadores — será conduzida, em grande parte, por artistas. A arte é uma forma de inteligência que não se submete à lógica linear, pois opera com símbolos, afetos e abismos.
Na tradição marxista, que também ilumina meu percurso, a arte é uma ferramenta crítica, capaz de desnaturalizar a ideologia dominante e propor novos modos de ser e de existir. Mas a arte não é só denúncia — ela é criação de mundo. Ela é aquilo que Adorno chamou de “promessa de felicidade”, uma fresta de liberdade num mundo colonizado pela mercadoria.
Meus discos, vídeos e textos são tentativas de cultivar essa fresta: evocar os Annunakis, atravessar as 13 dimensões, ouvir os ecos da Gaia — tudo isso é gesto poético, mas também político. Pois resistir à mesmice sensível imposta pelo capitalismo tardio é, hoje, uma forma de insurgência.
V. Da Informação à Transformação
Como escreveu Morin, “não é possível reformar a sociedade sem reformar o pensamento”. E talvez possamos acrescentar: não é possível reformar o pensamento sem escutar o silêncio, sem cultivar a escuta, sem reencantar a experiência.
A sociedade da consciência não será um dado, mas uma conquista. Uma travessia. E toda travessia começa com um passo: o da percepção. Que este texto seja um desses passos entre sons e sentidos, entre saber e vibração.

Tudo o que nos move a refletir é positivo e proveitoso. Muito bons textos.